Ausência de infraestrutura e de conscientização poderá elevar mortes de ciclistas

Por Agência CNT de Notícias
Em média, cinco ciclistas morrem por dia em acidentes de trânsito no país, segundo o Mapa da Violência 2013, produzido pelo Cebela (Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos) com base em números do SUS (Sistema Único de Saúde). Em 2011, foram 1915 óbitos (aproximadamente 4% do total no trânsito). Em cinco anos, o número cresceu mais de cinco vezes, já que em 1996 haviam ocorrido 326 mortes. O número de internações, em 2011, somou 9.564.

Para a Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), os ciclistas são personagens cada vez mais vulneráveis no trânsito. Isso vem ocorrendo em razão do aumento da opção por este tipo de transporte em um contexto em que a infraestrutura ainda é inadequada e em que não há ações educativas voltadas tanto para ciclistas quanto para condutores de veículos motorizados. A bicicleta está sendo cada vez mais usada, mas a mudança cultural e das condições estruturais não ocorre no mesmo ritmo. Há necessidade de um espaço físico diferenciado, de sinalização e de ações educativas que alertem para o fato de que todos fazem parte do trânsito e devem ser respeitados. Ou teremos um aumento gradativo dos sinistros com bicicletas, destaca o chefe do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da entidade, Dirceu Rodrigues Alves Junior.

Existem acidentes e é preciso lutar contra isso, diz o presidente da ONG Rodas da Paz, Jonas Bertucci. Para ele, as bicicletas são uma das alternativas para deixar o trânsito mais seguro e saudável. Há uma regra visível em qualquer cidade do mundo: quanto mais bicicletas na rua, mais seguro é o trânsito, ressalta. Para se ter uma ideia, conforme a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), na Holanda e na Dinamarca, países reconhecidos por priorizarem a bicicleta nos deslocamentos, entre 2000 e 2011 o número de mortes no trânsito caiu 43% e 56%, respectivamente. O Brasil, por sua vez, teve aumento de 49% nos óbitos no mesmo período. É visível que tem cada vez mais gente aderindo, a bicicleta está virando uma tendência. Mas precisa ter políticas públicas que priorizem o transporte saudável, o pedestre e o transporte público, que têm que estar associadas ao controle do limite de velocidade e ao desestímulo do uso do automóvel, defende Bertucci.

Para o médico Direcu Rodrigues Alves Junior, ações educativas voltadas a um trânsito mais humano também estão entre os primeiros passos para reduzir os casos, e isso deve ocorrer desde a infância. esde criança deve-se conhecer os perigos da máquina sobre rodas, a sinalização e a percepção de cada um com relação a todos que estão ao seu redor no trânsito, defende. Ainda, na avaliação dele, ciclistas devem reduzir comportamentos de risco, como transitar por vias que não oferecem infraestrutura adequada ou sem equipamentos de segurança previstos em lei, como de proteção individual, lanternas, campainhas e espelhos retrovisores. Nós estamos assustados, porque o número de óbitos no trânsito não para de crescer. Então é necessário uma ação governamental com fiscalização continuada, punição severa contra quem transgride as regras, e de educação, defende o representante da Abramet.

O presidente da ONG Rodas da Paz defende que a bicicleta pode fazer parte do trânsito como transporte, pois é uma das soluções dentro de um conjunto de medidas que podem ajudar a tornar o trânsito mais seguro e melhorar a qualidade de vida da população. Ele acredita que quanto mais o ciclismo estiver presente no cotidiano das cidades, melhores serão as condições para quem opta pelo meio. Mas reforça que, sem a implantação de vias para bicicletas e sem sinalização, há mais riscos. Ciclovias e ciclofaixas têm que permitir que o ciclista tenha acesso fácil e com tranquilidade a qualquer local da cidade. Quem opta pela bicicleta e pelo transporte público deve ter prioridade, complementa.

A cada ano, mais de quatro milhões de novas bicicletas são produzidas no Brasil, quinto maior mercado consumidor desse produto, conforme a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares).

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Published by Antenor Pinheiro

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